Eu encontrei meu grande amor, mas já era
tarde demais...
Era uma noite qualquer quando numa mesa de
bar ele sentou à frente. Lembro-me bem...estava com 2 camisas, uma camisa de
botão aberta e outra por dentro. Chegou. Sentou. Se encurvou. Fixou os olhos no
celular. Falou sobre Belchior. Depois mais nada. E eu até achei interessante o
mistério que ele passava em tão poucos gestos.
Depois de muito vê-lo por ali, resolvemos
do nada nos falar. Achei um meio de me conectar a ele, depois de tanto tempo só
trocando olhares.
Descobri que ele me odiava. Odiava o jeito
que eu me expressava. Odiava o jeito a qual eu parecia tão
"introspectiva" "seletiva" sei lá....Descobri também que em
meio a “ódios” sem motivos, tínhamos os mesmos desejos, a mesma visão de vida,
a mesma conexão. Talvez a gente só não soubesse o que tivesse havendo quando
nos olhávamos naqueles breves momentos.
Não passávamos um dia sem nos falar,
nenhum minuto. Descobrimos também que não era fácil estarmos juntos, e que por
incrível que pareça era nossa maior dificuldade.
Não era fácil não querer está ao lado
dele, era sufocante, olhá-lo e não poder acariciar seu rosto, fazer um cafuné.
E nessas frustrações, me via beijando outras bocas, mas advinha? Era a dele que
eu imaginava.
Um certo dia, conversando em uma noite
qualquer, resolvi falar sobre o tempo e calor só pra distrair, e do nada me
peguei roubando um beijo dele. Fui retribuída. Infelizmente, foi a única noite
que eu o tive. Eu esqueci toda a realidade, só existia eu e ele...era um calor,
misturado com o frio da noite, era o medo misturado com prazer, mas foi só uma
noite e nada mais. Eu sabia que nada ia acontecer depois.
Mesmo assim, depois disso, mesmo sabendo
do meu limite a companhia dele era o que eu mais precisava, independente de
beija-lo ou não, a companhia dele me completava. Conseguimos .
Descobrimos uma amizade tão forte, um
companheirismo tão leve e que surgira do nada;
Descobrimos que os amores da vida aparecem
sem ter razão, e nem explicação; Descobrimos também a inspiração que nos
faltava pra poder escrever mais canções.
Consequentemente caímos em si quando já
estávamos envolvidos à beça em tão pouco tempo, tão poucos momentos, era
realmente algo inexplicável.
Uma vez nos perguntamos se tudo aquilo que
estava acontecendo era só confusão de nossa mente ou verdade de nossos corações?
Descobrimos com essa pergunta que
não é fácil e nem tão racional assim tomarmos decisões. E uma das alternativas
mais fáceis (acreditem) foi dizer adeus mesmo sem querer....no dia, meu mundo
tinha caído como nenhuma vez tinha acontecido...o céu ficou cinza, o violão desafinado,
as borboletas já não voavam mais.
Descobri com essa ausência que não era
apenas encontros de corpos, era encontro de almas.
Duas almas perdidas, querendo saber o que
realmente fazer. Ir de contra a corrente até não poder resistir, ou continuar com
o medo de tudo ser apenas ilusão novamente. Apenas “fogo da paixão”.
Descobrimos que ter tempo, não quer dizer
que ele esteja ao nosso favor, e que ter muitos ventos ao nosso redor, eles
podem estar vindo em outras direções. Pelo menos por agora.
O que eu quero dizer com isso tudo é que o
amor da nossa vida, pode não ser nosso. E tá tudo bem!
Mas hoje posso dizer (se me perguntarem)
que o amor da minha vida, tem os olhos mais suaves, o sorriso mais dengoso, o
abraço com o melhor aconchego, o beijo com o melhor desejo, o sexo com a
melhor entrega, a conversa que melhor flui, o amor que desmancha qualquer armadura,
a palavra que te acolhe, a voz que vicia, os dedos que melhor deslizam e acariciam
seja ela a superfície que for.
Mas a gente se encontrou tarde demais. (?)